quinta-feira, 29 de abril de 2010

Bando




Me perco em meios as siglas
de DEM ao PC do B
de direitas e de esquerdas
ideologias vagas

do PT e PSDB
PMDB e PSol
PC sei lá mais do que
Sabe-se lá quem é qual

Em tempos de eleição
Proliferam nomes e siglas
Não se sabe mais da vida
Ou ideal partidário

Sabe-se de campanhas
Promessas e não sei o quês
Sabe-se que têm muitos
Cambada de FDP's


Fábio Melo

domingo, 25 de abril de 2010

Verme Capital




Havia um tempo em que sonhávamos.
Pensamos bastante e descobrimos que em uma centena de anos poderia o capitalismo mudar, mas sabemos que isso é um sonho distante.
Percebemos que levaria mais tempo. O capitalismo é um verme que muda, ele se adapta ao organismo que ocupa, então ele não vai mudar em pouco tempo.
O que nos resta, sem o pessimismo, sem o falso realismo é viver diferente do que prega.
Sabendo que não há escapatória, pois um sistema é um sistema.
Para se corroer um sistema demasiado forte é necessária uma grande mudança sócio-econômica, coisa que está muito longe de nós, pois esse verme que muda é um parasita que nos delicia a ser alimentado, nos deixando com cada vez mais sede de alimentá-lo.
A fome e o prazer em nosso estômago, em nossa libido parecem ser tão naturais, parecem ter nascido conosco.
Comer-nos, devorar-nos, imaginar um novo paraíso é apenas uma realidade fictícia da nossa mente.
Distante apenas pelo próximo clique que nos levará a janela onde todos os desejos não existem enquanto não criarem uma nova tecnologia.
A necessidade de consumir aquilo que é novo parece tão natural quanto esquecer aquilo que é antigo.
A vontade de comer, de devorar, está em nós naturalmente. Quando pensamos: A que droga de sistema que nos diferencia e nos deixa indiferentes a “n” situações miseráveis.
Logo voltamos a pensar no sapato desejado, na roupa cara, no restaurante de luxo que quer jantar.
Não há escapatória total, a única escapatória é lutar como ele, como um verme, tentando fazer o mesmo, corroê-lo, devorá-lo, digeri-lo e excretá-lo.

Draylton Tavares e Cássio Tavares

terça-feira, 20 de abril de 2010

Caranguejos Com Cérebro (manifesto)

O primeiro manifesto do Mangue, na íntegra e em sua versão original de 1992.

Mangue, o conceito.

Estuário. Parte terminal de rio ou lagoa. Porção de rio com água salobra. Em suas margens se encontram os manguezais, comunidades de plantas tropicais ou subtropicais inundadas pelos movimentos das marés. Pela troca de matéria orgânica entre a água doce e a água salgada, os mangues estão entre os ecossistemas mais produtivos do mundo.
Estima-se que duas mil espécies de microorganismos e animais vertebrados e invertebrados estejam associados à vegetação do mangue. Os estuários fornecem áreas de desova e criação para dois terços da produção anual de pescados do mundo inteiro. Pelo menos oitenta espécies comercialmente importantes dependem do alagadiço costeiro.
Não é por acaso que os mangues são considerados um elo básico da cadeia alimentar marinha. Apesar das muriçocas, mosquitos e mutucas, inimigos das donas-de-casa, para os cientistas são tidos como símbolos de fertilidade, diversidade e riqueza.

Manguetown, a cidade

A planície costeira onde a cidade do Recife foi fundada é cortada por seis rios. Após a expulsão dos holandeses, no século XVII, a (ex)cidade *maurícia* passou desordenadamente às custas do aterramento indiscriminado e da destruição de seus manguezais.
Em contrapartida, o desvairio irresistível de uma cínica noção de *progresso*, que elevou a cidade ao posto de *metrópole* do Nordeste, não tardou a revelar sua fragilidade.
Bastaram pequenas mudanças nos ventos da história, para que os primeiros sinais de esclerose econômica se manifestassem, no início dos anos setenta. Nos últimos trinta anos, a síndrome da estagnação, aliada a permanência do mito da *metrópole* só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano.

Mangue, a cena

Emergência! Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O modo mais rápido, também, de infartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Como devolver o ânimo, deslobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife.
Em meados de 91, começou a ser gerado e articulado em vários pontos da cidade um núcleo de pesquisa e produção de idéias pop. O objetivo era engendrar um *circuito energético*, capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop. Imagem símbolo: uma antena parabólica enfiada na lama.
Hoje, Os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores marítimos (principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio, sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da química aplicados no terreno da alteração e expansão da consciência.
Bastaram poucos anos para os produtos da fábrica mangue invadirem o Recife e começarem a se espalhar pelos quatro cantos do mundo. A descarga inicial de energia gerou uma cena musical com mais de cem bandas. No rastro dela, surgiram programas de rádio, desfiles de moda, vídeo clipes, filmes e muito mais. Pouco a pouco, as artérias vão sendo desbloqueadas e o sangue volta a circular pelas veias da Manguetown.

Fred Zero Quatro

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ditadura Maqueada

,

Não damos mais importância aos erros do governo, nem sequer observamos toda a podridão que assola os nossos governantes.
Não enxergamos que o nosso presidente  tem por ídolos pessoas que na verdade não têm nenhum senso de democracia. Chavez, Fidel, governantes que cerceam a liberdade em seus países.
Também não atentamos para as companhias nada aconselháveis com as quais o Lula uniu-se, Collor, Sarney, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sem contar os Delúbios, os Paloccis e todo um PT do mensalão.
O mesmo PT que não assinou a constituição de 88, que combateu o Plano Real, agora tenta ferir ainda mais a democracia do nosso país, que tanto penou para alcançá-la, com um terceiro mandato do PT, na figura de Dilma.
Atrevo-me até a dizer que vivemos uma ditadura perfeita, maqueada, que de tão perfeita não é nem notada por aqueles que a vivem cegamente. Vivemos um populismo cego, na figura de um homem que se assemelha a um messias televisivo. E seu populismo nos fez esquecermos de tudo o que ele já representou para esta nação, o atraso que ele e seu partido representavam para o nosso país e de tudo que de sujo aconteceu durante o seu governo.
Quase unanimidade nas intenções do povo Lula até mesmo nos faz esquecer que “toda unanimidade é burra”.
Seguidor da política de FHC, procura destruir a imagem de seu antecessor, e mascara os fatos de que sem o Plano Real seu governo não seria nada, de que teve que assinar um compromisso de manutenção do plano econômico de FHC para que todos se acalmassem antes de ser eleito, que teve que se maquiar com Duda, que o fez de cordeiro, que apenas tocou pra frente projetos do governo anterior, que, tendenciosamente seriam melhorados, independentemente de quem assumisse.
Fábio Melo

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Olhar de Lua Cheia

É um olhar de  lua cheia
Um olhar que me incendeia
E eu fico parado a pensar

Meu Pai, porque isso comigo?
Essa menina-perigo
Tá dançando só pra me tentar



E essa saia que balança
Junto com a linda trança
Que vem o seu cabelo formar

É o sorriso da mais bela
Agora só quero ela
Pra meu sonho se concretizar

Cássio Tavares

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vozes

No calar da madrugada
Ouço vozes perdidas
Pessoas que clamam
Por um pedaço de vida


Ouço vozes que gritam
Em tons dissonantes
Gritos sem nenhum alcance


Nem alcance do governo
Nem alcance dos que passam
Ao alcance de ninguém

Pois aquelas vozes caladas
No meio da madrugada
Eram vozes do além


Fábio Melo / Rafaela Amaral

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dos Excluídos


Quero ouvir da tua história, Maria
História de quem trabalhou na cozinha
Quero ouvir da dor do Negro
Que sofreu nas mãos de seu senhor
Quero ouvir o lamento de quem tem sede
E da mãe que cria seu filho sozinha
Quero ouvir da tua força
Quero ouvir do teu valor

Quero ouvir da tua história, Índio
Escravizado, assassinado
Quero ouvir não a voz dos colonizadores, mas a dos colonizados
Quero ouvir de todo o povo excluído
Quero ouvir da sua dor
Quero ouvir da sua força
Quero ouvir do seu valor

Fábio Melo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Para além do bem e do mal



A velha disputa entre o bem e o mal povoa as cabeças e corações da população em geral. Não falo de todos, alguns já superaram esse duelo besta. Digo besta e ultrapassado por simplesmente não haver bem e mal absoluto, não existe o que é completamente bom nem o que seja completamente mal, existem diferentes pontos de vista e guerras de vontades.
Essa idéia de que há forças que conspiram para o bem e outras que o fazem para o mal é uma visão que não se enquadra com a realidade. Percebemos, através de nossas experiências, que o certo e o errado vai de acordo com quem melhor souber argumentar e usar os fatos e situações a seu favor, quebrando com a mítica ordem do universo onde havia claramente um bem e um mal.
Pode ser dentro da religião, onde esse discurso é mais forte, pode ser dentro da política ou até de nossas relações pessoais, sempre achamos que o certo é aquilo que fazemos, e quando erramos não foi por fazer o mal, mas por fazer um bem incompleto. Bem e mal morreram no dia de seu nascimento, quando o primeiro homem convenceu o segundo de que bom era a terra ficar cercada e pertencer a quem a cercou primeiro.

Draylton Tavares

domingo, 11 de abril de 2010

Termo de Perdão


O cortejo mais triste está sendo o da vida.
Cortejo fúnebre de tal forma ainda não vi.
Fechamos o caixão da vida cada vez que matamos alguém,
Nos dividimos, brigamos e cada dia mais deixando de ser mais humanos.
Acho que a palavra a ser usada é essa, humano, que ao invés de matar, dividir, brigar e sei lá mais o quê, deveríamos só nos amar.
Ainda não entendemos o seu recado direito. Desculpe Pai!

Cássio Tavares

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Brasa


Ainda vejo a brasa acesa
Entorno a garrafa em busca de um último gole, que já não há
Amanhã é segunda
Mais um dia de trabalho
-Pra poder ter um salário
(Nunca entendi como tem tanta gente que nunca faz nada
E anda de terno caro, carro zero, no fim-do-mês recebe uma "bôlada")
E a vida vai se consumindo
O que existia vai sumindo
Outras coisas vão surgindo
E a vida não para
Para onde vou hoje?
Algo novo?
Ou o ontem é o hoje e o amanhã de novo?
E o tempo vai tragando a vida
A gente faz
Ou passa e não volta mais
E a brasa se apaga

Fábio Melo