terça-feira, 6 de julho de 2010

Meu Nome?

Meu nome? Sinceramente, às vezes nem consigo lembrar. Hoje mesmo ainda não foi pronunciado por ninguém. Talvez ontem também não.
Há dias não ouço uma voz amiga, ou alguém que me pergunte ao menos se tenho o que comer.
Tantos passam por aqui. Poucos olham para mim. Nenhum me dirige a palavra.
Medo? Por minha aparência? Pelos trapos no corpo? Por estar sujo?
Ouço alguns dizerem que é culpa dos governantes. Que estes não pensam nos marginalizados.
Ouço falar em projetos sociais, mas que ninguém os faz.
Acho que a culpa está nos corações endurecidos, nos que passam e nem olham, naqueles que falam tanto e que nada fazem.
A culpa também é de quem finge lutar e só mantém um prestígio com tal fingimento. Mas o tempo da mentira é curto. Longo e difícil é o caminho que traço nas ruas, sem ser notado, ou até notado, por vezes, mas ignorado.
Meu nome? Talvez eu lembre, mas no que vai importar?

Fábio Melo

4 comentários:

  1. Esse texto me lembrou aquela música de Gabriel: Resto do Mundo.
    Quanto mais gente sem nome maior "indiganção" de quem cresce em cima deles.

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  2. Realmente...para esses que são e estão marginalizados ter um nome que diferença faz?!

    Muito bom o texto...muito bom mesmo

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  3. qual o barulho de uma lágrima ?!
    e de passos?!
    maior q o nada! e menor,muito! q canetas e teclas para baixo e cima !
    porém menor q duas moedas juntas!!!
    eh ?! ou seria !?

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  4. ainda bem que nascem os poetas.. parabéns por suas palavras ditas, pois é a realidade nua e crua, de nossa sociedade.

    Att..Gizele Tavares

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