segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vida Perdida

Menina magra, rua escura, pernas nuas, umbigo de fora, quase tudo à mostra. Olhar de desejo, de tarados que passam em carros, uns não arriscam em parar, outros põem para dentro e satisfazem sua loucura, coitada daquela criatura, as noites na sua pele costura, aqueles que não pagam e por malvadeza lhe deixam queimaduras, pontas de cigarro, mundo malvado. Mais velha, um pouco mais velha, já não existe esperança, na sua cabeça nem se passa que já foi criança. Amargura, ganância, o desejo lhe invade, para inundar o cérebro encheu a cabeça de craque e vê a vida numa lata, entre cinzas de cigarros, motéis baratos e garrafas. Onde está o arco-íris com pote de ouro? Talvez aquilo nunca existira para alguém como ela, sem ao menos o direito de uma casinha na favela, fica a espera, de Deus sabe lá o quê, não sabe como e nem se quer se resolver. Menina triste, na mão de uns e de outros, leva umas tapas na cara, agora já era, sabe que vai morrer como uma viciada, que vão dizer que não vale nada, sempre foi abandonada.

Cássio Tavares

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